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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Teatro de Nossa Senhora Aparecida

Uma Tal Maria

Reporter /Maria Lavadera /MariaGari /Maria Costureira /Maria Enfermeira /MariaEsperança


 

Rep.- ( Andando de um lado para o outro, a procura de alguma coisa):Onde será que anda essa tal Maria, que disseram ser uma mulher maravilhosa?


 

Faz tempo que eu a procuro. Andei por ruas avenidas, no centro da cidade e na classe alta. Fui a banquetes e recepções de gente grã-fina... frequentei as altas rodas da sociedade e até agora nada:(procurando na plateia):

Será que se escondeu por aqui? Ousadia parece que não falta a essa tal Maria (...) Ou será que tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto? (pensativo):

Mas me asseguraram que realmente essa tal Maria não era assim tão comum. As referencias foram as melhores. Também, se não fosse uma mulher especial, o chefe não iria querer uma reportagem com esse destaque.

O dono da emissora quer notícias quentes, bombas, furos!(desistindo):

É, devo reconhecer que mulher como essa só deve existir na cabeça dos sonhadores. Isso é coisa de novela mesmo!(quando vai saindo palco encontra-se com...)


 

Rep. - Por favor, por favor, minha senhora, poderia me dar uma informação?


 

Lav. - Pois não seu moço, pode falar!


 

Rep .- Não vou atrapalhar seu serviço?


 

Lav. – Não é claro que não! (curiosa): O senhor por acaso é da Rede Bobo? Ou é do Silvio
Chão?

Sabe? Tenho cinco carnê do baú da infelicidade.


 

Rep. – (rindo) Não eu sou da Rede Chacota.Estou querendo fazer uma reportagem especial com uma mulher especial, uma criatura fantástica, que todos chamam de Maria.


 

Lav. – Mas aqui somos todas Marias!


 

Rep. – A senhora parece que não entedeu. A que eu procuro é especial , diferente..


 

Lav. – acho que o amigo se enganou. Nesse bairro, todo mundo é igual, na vida e na morte
também. Nasce todo mundo no mesmo barraco, invadido na mesma terra, e junta os pés no mesmo caixão. Pega o mesmo ônibus, recebe o mesmo salário de fome e é explorado pelos mesmos patrões.

Apanha da mesma polícia e vota no mesmo candidato: quem der mais (..) Não tem essa de um querer ser melhor que o outro não.


 

Rep. – Então , a senhora não conhece mesmo essa tal Maria que eu estou procurando?


 

Lav. – Acho que o senhor bateu na porta errada, moço!

As Marias aqui- eu vou lhe contar só um pouquinho –

as Marias aqui lavam roupa o dia todo. E tudo roupa de ganho, que roupa nossa mesmo, só uns farrapos (mostrando) coisa comprada no bazar.. Olha só as mãos (mostrando), fica tudo cortada de sabão. Água sanitária estraga a pele, sabia? (...) É a mesma luta de sempre do nascer ao pôr do sol: caminhar para pegar a trouxa de roupa na casa das madame e depois dar um duro danado para entregar no dia marcado. E quando vai receber o pagamento, ah! É aquela micharia que mal dá pra comprar o pão e o leite das crianças.

Me desculpe, seu moço mas as Marias que eu conheço são assim.( a mulher sai caregando a trouxa de roupas, e vem vindo a outra)( entra uma gari varrendo)


 

Rep. – Bom dia minha senhora! Por favor, há muito tempo que estou à procura de uma mulher especial, diferente de todas as mulheres. Por acaso a senhora não a viu por aqui?


 

Gari – Olha moço. Faz um tempão que eu estou varrendo esta rua .Para ser sincera,eu nem reparo direito quem passa por aqui.


 

Rep. – Mas, essa mulher, essa tal Maria, quando passa, o povo pára para olhar, para admirar sua beleza.


 

Gari – Pois hoje, aqui o povo só parou pra ver a polícia batendo em duas prostitutas, que faziam a vida nessa zona.


 

Rep. – Tem certeza de que não passou essa Maria que eu procuro?


 

Gari – Por aqui, como eu tô lhe dizendo, passa um montão de gente, um montào de Maria. Maria de todos os nomes, de toda cor, principalmente Maria Aparecida, que quase sempre é pretinha que nem eu. Tudo gente pobre, que gente rica, as madame, passa mesmo é nos seus carrão de luxo!


 

Rep. – Muito obrigado! Pelo que vejo, aqui com a senhora , tambe'm não vou fazer minha reportagem.


 

Rep. – Boa tarde, com licença... (vem chegando outra, agora uma costureira)


 

Cost. – Vá falando, vá falando. De que se trata? Posso ajudar em alguma coisa? Tem roupa para mandar costurar?


 

Rep.– Não Sou reporter e estou procurando uma tal Maria. Ela é uma mulher diferente, especial, cheia de

Cost. – Cheia de filho? Por aqui tem muitas.


 

Rep. – Não sei.

Cost. – Pois eu corto e costuro, agora mesmo, a figura dessa tal Maria que o senhor procura. Por que maria é o que sobra nessebairro.Sem elas, ah! Sem elas o mundo não vai.Por aqui, as marias são essas que trabalham feito doida.(chega outra mulher)


 

Enf. – Com licença, dona Maria. A senhora mandou me chamar?


 

Cost. – Essa aí é a Maria da Saúde.Sua vida é feita de aliviar as dores dos outros. Todo mundo recorre primeiro a Deus, depois a ela. (dirigindo-se à enfermeira


 

Rep. –): E tem muita gente doente por aqui, dona Maria?


 

Enf. – Se tem? Doença é coisa de todo dia: companheira dos pobres, amiga de todas as Marias aqui.

E a doença que mais mata é a fome.

Tem muita doença que chega de mansinho, no prato vazio da gente.

E chega pra ficar. Muitas vezes, chega pra levar, levar para a cova rasa, coisa de quem nasce pobre e morre pobre.


 

Rep. – e nào tem remédio, posto médico,assistencia?

Enf. – A gente faz uns chá, vai pro mato, arranca casca de pau, folha disso e daquilo, umas coisinha pra aliviar a situação. Mas remédio não resolve, quando a doença já tomou de conta.


 

Rep. – E posto médico?


 

Enf. – O médico olha pra cara da gente, com desprezo. Rabisca umas letras, lá no papel, e manda a gente comprar o remédio. Vê se pode! As Marias aqui não tem dinheiro nem pra comer!


 

Rep. – Bem, desculpe-me. Mas eu vou andando. Muito obrigado. Uma boa tarde para vocês!

(no fundo do palco, aparece uma mulher segurando uma carteira de trabalho)


 

Rep. – Por favor, poderia me dizer se por aqui, não passou uma tal Maria, uma mulher elegante, bonita de encher os olhos...


 

Esp.- Encher os olhos? De queê? Eu também me chamo Maria. E, agora, tô enchendo os olhos, mas é água. (Começa a chorar.)


 

Rep.- Desculpe, minha senhora. O que foi que aconteceu? (Ajuda Maria da Esperança a sentar-se.)


 

Esp. – Acabo de ser jogada na rua. Mais uma vez!


 

Resp. – Emprego tá difícil, não é mesmo?


 

Esp. – O patrão disse que eu tava abusando. Agora me diga o senhor, que parece um moço distinto: unir as companheiras, exigir nossos direito, isso é abuso?


 

Rep. – O salário é pouco, é isso?


 

Esp. – Tudo é pouco: o salário, o descanso, o tempo que a gente tem pra almoçar. Almoçar não, engolir um pouco de arroz com uns caroó de feijão.


 

Rep. – Aí o patrão despediu a senhora.


 

Esp – Despediu e telefonou pras outras fábricas, dizendo que era pra não dá emprego de jeito nenhum que eu sou uma mulher perigosa. Vê se pode! Perigosa, eu? Uma pobre mulher com cinco filho pequeno e um marido doente na cama, recebendo pensão miserável do INPS.


 

Rep. – Qual é o seu nome, mesmo? Maria, Maria de quê?


 

Esp. – Na fábrica, o pessoal comoçou a dizer Maria da Esperança, porque eu untava as ompanheiras,animava quem tava desanimada, soube como é: tem horas que a gente precisa levantar a cabeça, senão...


 

Rep. – Falam, por aí, que a esperança é a última que morre.


 

Esp. – E a primeira a ser botada pra fora do emprego. Mas, tem nada não. Aluta continua. Eu já passei por outras como essa.

Rep. – E memsmo assim, pretende continuar...


 

Esp. – coninuar sendo Maria da Esperança. Afinal de contas, mesmo com tanta perseguição, a gente precisa acreditar.


 

Rep. – Acreditar?...


 

Esp. – Acreditar, sim! Acreditar que essas Marias, a gente, a gente tem força aqui dentro, e precisa fazer valer isso.

Rep. – Maria tem força?


 

Esp. – Tem, moço. Maria tem força, sim, sinhô. Essa força que tá chegando aí, na união da gente. (Vai entrando uma 'passeata' de mulheres – as Marias todas – conduzindo faixas de protesto.)


 

Esp – Eu não falei? Veja que beleza! Maria negra, Maria pobre, Maria da vida, Maria da luta! Tanta Maria, sonhando com um mundo novo. Ah! Se as Marias se juntam, seu moço, ah! Se as Marias se


 

juntam.(Maria da Esperança e o repórter saem, acompanhando a passeata.Todas as Marias da peça colocam-se mas ou menos em fila, voltadas para o público.Enquanto falam, a imagem de Nossa Senhora Aparecida vai passando, de mão em mão.)


 

Lav. – Deus te salve. Maria Aparecida no rio, no leito sofrido deste povo que vai!


 

Gari – Deus te salve, Maria Aparecida no lixo da favela!


 

Cost. Deus te salve, Maria Aparecida na pele marcada da gente!


 

Enf. – Deus te salve, Maria Aparecida nas mãos calejadas que temos


 

Esp. – Aparece sempre, ó Maria. Aparece neste chão, e faz a gente cada vez mais se parecer contigo!

Retirado do blog catequisar.

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olá pessoal,

Espero que ese blog ajude vocês no preparo de seus encontros, sei que tenho que dar uma organizada, mas não está sobrando tempo...é muita coisa pra preparar...catequese, experiência e grupo de oração, em breve seminário, quando sobrar um tempo vou dar uma organizada para melhorar para vocês,
por enquanto, sintam-se à vontade, e a todos, de qualquer religião, sejam bem vindos.

a paz de Jesus e o amor de Maria,

Luciane.

catequista e evangelizadora mirim.
Igreja São José Operário,
Paróquia da Ressurreição.
vitória, es.

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